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Resenha │ Coleção Histórica Marvel: Os X-Men (Vols. 5-8)

Desenvolvi um preconceito enorme contra os grandes roteiristas de quadrinhos dos anos 80. Não os que surgiram nos anos 80, veja bem, mas o que atingiram seu auge na década em questão. Agora que penso a respeito, acho que tem a ver com a transição da mídia de um público para o outro – foi nos anos 80 que decidiram fazer quadrinhos "para adultos" nos EUA e, por mais que a mudança tenha trazido algumas das melhores graphic novels de todos os tempos, ela também criou um limbo estranho: a maior parte dos quadrinhos ainda era desenhada e colorida para apelar para crianças e adolescentes e os diálogos continuavam expositivos e sem personalidade, mas temas cada vez mais "adultos" (saca só o uso de aspas só nesse parágrafo) começavam a fazer parte das histórias. O resultado, pelo menos para um observador desatento como eu, eram histórias que imploravam para que você as levasse a sério enquanto todo mundo usava ombreira e pelo menos quatro matizes de cores diferentes no uniforme. Só pra que isso fique claro, o meu problema não consistia em assuntos "sérios" (:^) sendo abordados em gibis, mas sim o quanto a estética das histórias destoava do tom proposto pelo lado literário da coisa. Fale o que quiser dos quadrinhos noventistas, mas eles pelo menos refletiam na arte o quão edgy o roteiro era.

Passei a associar certos nomes à dissonância roteiro/arte, e hoje sei que estava errado em colocar essas pessoas na mesma categoria: John Byrne, George Pérez e Chris Claremont. Como na época não fazia ideia da diferença patente entre esses três, evitava qualquer coisa escrita por eles como o vampiro foge da cruz. Não ajudava que, nos veículos midiáticos que acompanhava, histórias do Chris Claremont costumavam ser particularmente ostracizadas por fãs que, pensava eu, deviam saber do que estavam falando. A primeira vez em que peguei num gibi do dito-cujo, inclusive, foi enquanto procurava um bom presente para uma amiga que gostava dos X-Men. É, eu dei a ela algo que não tinha vontade de ler. Me processa.

Eventualmente, em busca de algo físico porque leitura digital nunca pareceu funcionar muito bem comigo fora do âmbito de fanfics, me vi pegando emprestado o tal presente, que se chamava Coleção Histórica Marvel: Os X-Men – quatro volumes contendo algumas das melhores histórias dos mutunas sob o comando de Claremont. Começando a leitura com franco desinteresse, terminei-a aprendendo por que os X-Men se tornaram a powerhouse comercial que, até 2012, era a propriedade mais importante da Marvel.

Talvez seja apropriado admitir que nunca fui um fã dos mutantes da Casa das Ideias; no sentido de que nunca me importei muito em conhecer o material original por trás dos filmes, desenhos animados, jogos e séries de TV com que tive contato durante toda a minha infância. Dito isso, nunca fui imune ao quão descolado o Wolverine era em toda aparição que fazia, participei de shitposting envolvendo o meme Cyclops Was Right quando ele ficou na moda e fui uma das duas únicas pessoas que conheço (sendo a amiga anteriormente mencionada a outra) que gostou de X-Men: Apocalypse. Eu só não sabia os particulares da mitologia, as intrincadas relações entre os personagens que, nos filmes, pareciam pouco mais que conhecidos. Ainda explode minha cabeça que Emma Frost e Scott Summers sejam um casal.

Agora que já estabelecemos minha leiguice, Coleção Histórica Marvel: Os X-Men (doravante referido como CHMX ou Fase Claremont) me introduziu a certas coisas intrigantes que, imagino, sejam lugar-comum para leitores mais experientes: os X-Men têm um background espacial muito proeminente, a Vampira foi basicamente uma desculpa para ter a Ms Marvel na equipe por um tempo (até que a própria Carol Danvers começou a participar das histórias), Wolverine era um personagem de verdade e Tempestade, além de ter poderes vagamente conectados com magia, era o membro mais poderoso da equipe. Não é difícil entender o motivo dos filmes nunca terem trazido esses elementos para o cinema (Dark Phoenix até que trouxe alienígenas, mas quem assistiu isso além de mim?), porém uma parte de mim sente que os X-Men poderiam ter sido o MCU antes do MCU se a diversidade dessa fase dos quadrinhos tivesse mais influência nas primeiras adaptações do que a fase do Grant Morrison.

"Diversidade" é praticamente um palavrão pra mim mas, em se tratando da Fase Claremont, ela é o ponto mais forte. Não me refiro à diversidade contemporânea, que consiste em mudar etnias de personagens pré-estabelecidos e pregar afrocentrismo para as massas, mas diversidade real e para lá de relevante tanto para os X-Men como conceito quanto para os leitores da época. Colossus, um russo, é retratado numa luz favorável e sem condescendência em plena Guerra Fria; Kitty Pride e Magneto, judeus, são usados em ângulos diferentes para refletir tensões raciais nos EUA da época; Ororo Monroe, a Tempestade, é africana de verdade, não afroamericana, e sua personalidade gira em torno de ser um membro funcional da equipe apesar de seus traumas psicológicos e não sofrer racismo. No que só consigo comparar com as três primeiras temporadas originais de Star Trek, a Fase Claremont é uma tentativa quase sempre bem-sucedida de incluir e representar organicamente.

Ajuda, nesse âmbito, que os personagens existam fora da cultura/etnia que estão representando. Dilemas morais, sentimentos exacerbados, opiniões políticas e desavenças pessoais são retratados em todos os membros da equipe, multifacetando e aprofundando cada um deles de acordo com a situação. Buscando as pessoas reais por baixo dos estereótipos de heroísmo, a Fase Claremont se preocupa em mostrar mutantes capazes de mudar de ideia, hesitar, achar graça e não ter todas as respostas.

O próprio Chris Claremont, entretanto, tem alguns problemas que justificam a má-fama que o precedeu em minha concepção. Verborragia é o maior deles – pelo menos quatro páginas das vinte e poucas do gibi são dedicadas a recapitular eventos passados, e o uso de recordatórios, diálogos e balões de pensamento faz parecer que ele escreveu o roteiro para ser lido sem a ajuda da arte. Uma única página de CHMX corre o risco de ter mais texto que uma edição inteira de algum quadrinho mais moderno. Se por um lado eu não consigo odiar o excesso de palavras, uma vez que estimula o hábito de ler no público infantil e adiciona uma camada literária mais forte à obra, por outro quadrinhos são uma mídia visual. Os X-Men não teriam o mesmo sucesso se fossem publicados em artigos de revistas de ficção científica dos anos 60 – a presença de tanto texto é similar à de narração excessiva em filmes, uma traição do gênero e um reflexo da falta de confiança no potencial da mídia.

Mas isso é conversa pra outro dia.

Justiça seja feita, Claremont argumentista é dez vezes melhor que o Claremont roteirista. Suas histórias giram em torno de propostas simples, mas de resolução complexa, e o grosso do gibi é investido nas relações interpessoais entre os mutunas. É um novelão com superpoderes, com direito e mudança de figurino de acordo com a ocasião (você sabia que o Magneto costuma desacordar seus inimigos e vesti-los com fantasias temáticas antes de aprisioná-los?), dramas românticos e fantasmas do passado retornando. Vivemos numa época em que, para parafrasear os meninos do Red Letter Media, ninguém nunca morre de verdade, por isso a perspectiva da morte de Jean Grey, Xavier ou Scott Summers não parece tão ameaçadora; na época, porém, o fim de uma vida era tratado com seriedade, e os efeitos da perda de um membro da equipe eram sentidos anos depois do acontecido.

A sensação de perigo é o que eu mais admiro na Fase Claremont. O Wolverine pode ser uma aberração regenerativa que está pelado metade do tempo porque alguma coisa explodiu o uniforme dele, mas quedas altas, radiação, e alienígenas são tratados como ameaças sérias para o dono do esqueleto de adamantium. Ele sempre consegue se recuperar dos ferimentos, é verdade, mas o medo de se machucar para além dos limites de suas habilidades é o que me faz acreditar que algo pode dar errado. É incrível o quanto somos capazes de nos importar com um personagem quando ele entra em lutas com medo de morrer em vez de brava e heroicamente. A conexão é feita na hora, sem esforço, e existe real curiosidade pelo desfecho de combates difíceis. O mesmo pode ser dito dos demais membros da equipe – Noturno e Colossus encontram tantos problemas usando seus poderes que o leitor não sente inveja da condição mutante deles, o menor descontrole da parte de Tempestade pode ferir seus aliados assim como inimigos e Scott Summers, o Ciclope, depende de óculos para poder deixar os olhos abertos.

Das histórias presentes na CHMX, não consigo me lembrar de uma realmente ruim. Existem, é claro, histórias mais fracas que outras. Todo o julgamento de Magneto foi entediante, apesar da excelente arte de John Romita Jr. e do fato de que a história pregressa, toda ela se passando numa ilha comandada pelo Mestre do Magnetismo onde poderes mutantes são anulados, é muito boa. Tédio também prejudica as edições dedicadas a explorar o passado de Charles Xavier e Erik Lehnsherr, que não chega nem perto de me vender os personagens da forma que X-Men: Primeira Classe conseguiu. O altos dessa montanha russa, por sua vez, são bem altos: o arco com Dr. Destino como vilão é extremamente divertido (como é qualquer coisa envolvendo von Doom), assim como o arco envolvendo a Ninhada, que chega bem perto de se tornar uma história de terror em certos momentos.

Uniformes clássicos? Isso é tããããão semana passada.

A arte, que foi o ponto em que começamos esse texto, ondula entre ser exatamente o que reclamei e impressionar pela adequação ao clima sombrio de alguns arcos. Devido à rotatividade dos arte-finalistas, essa ondulação acontece sem que o nome na capa mude; Dave Cockrum alterna entre traçados inspirados e character designs emulando o que havia de pior nos anos 60. Fora do trabalho de Dave, o que não deixa muitas edições – ele e Claremont parecem ter sido uma dupla e tanto –, temos o já mencionado Romitinha e, no oitavo volume da coleção, Marc Silvestri em toda a sua glória dinâmica e impactante.

Recomendar a Coleção Histórica Marvel: X-Men é um ato recheado de ressalvas; os anos 80 estão a quase meio século de distância, de modo que compreensão e paciência são necessários para tirar o que essas histórias têm de melhor. Se o leitor tiver uma tolerância tão grande a coisas velhas quanto eu, entretanto, ele não vai se arrepender. Por melhores que sejam as fases mais recentes de Joss Whedon, Warren Ellis e Brian Michael Bendis, por mais engraçado que seja insistir que o Ciclope não fez nada de errado (ele não fez, mesmo) e por maior que tenha sido o impacto dos filmes na sua percepção dos personagens, a fase de Chris Claremont é diretamente responsável pelo que há de melhor e mais úncio em X-Men e merece pelo menos uma lida parcial simplesmente por causa disso.

Comentários

  1. Oi, eu sei que nos desentendemos, mas queria dizer que finalmente achei os doze volumes dos prazeres da carne da Mulher Maravilha. Gostaria de falar deles com você, apenas em caráter informativo. Sabe onde me encontrar: Nyah!Fanfiction

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  2. Também tenho consumido bastantes mídias da Mulher Maravilha, obrigada.

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  3. Enfim, me chame do que quiser, me chamo de amiga fiel arrependida. Obrigada por tudo.

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  5. Arrogante, apareceu um cara que escreve muito legal. Mas eu to com saudades de você e não é você. Então eu vou chorar no banheiro

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  8. ^^' Então é isso, obrigada por me desculpar. Eu não queria que chegasse a esses extremos, mas eu realmente estava arrependida de ter te comparado com aquela pessoa (que sim me trata mal)

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  9. quanto aos outros, não sei se me desculparão, nem se eu estiver morta

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  10. Eu fiquei doente na faculdade preocupada com o Alec Silva, com que ele fosse odiado e a carreira dele fosse para baixo. Bom, mas já que minha vida é o seu pedido de desculpas e eu estou viva. eu vou tentar fazer dela bem legal. E quando eu morrer é isso...

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  12. Eu estava disposta e estou disposta a morrer para me desculpar com você

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  13. Não tem nenhum Amalion em senhor dos anéis, mas tem um arnor em senhor dos anéis. E não tem luciana em o inferno de dante. no final, acho que sua história, é boa. e eu estava tentando achar significado para saber o final dela.

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  14. Eu nunca abriria um b.o contra você. Eu só estava disposta a me desculpar a qualquer custo por ter falado que você era o Laurentino

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    1. o mais esquisito é que o laurentino disse que tinha gente se passando por mim e que eu era amiga de uma storm

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  17. Sim eu sou AlecSilvaHead, mas as pessoas me interpretam tudo errado. É tipo POTTERHEAD. Ou J.K Rowling Head sei lá. Ou qualquer coisa. Eu gosto dos livros dele.

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  18. Sim eu marquei a Ana nas coisas que tinham haver com Harry Potter, poxa não era óbvio, a gente jogou RPG de HP.

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  19. eu não tenho fetiche no alec, e se eu disse isso alguma vez. Eu desdigo porque é impossível, porque eu vejo ele como Deus

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  20. Eu não consigo nem sequer me imaginar beijando ele

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  21. e não, não tem como você ser o alec. porque tecnicamente você é mais mortal que divino pra mim.

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  22. eu não sei, mas eu fiz video de divertidamente para as pessoas, mas as pessoas não ligaram. :( Na verdade, a Ana não quer saber mais de mim. Aliás eu tenho medo de falar o nome em voz alta, tipo Voldemort

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  23. olha, pra você não ter medo de mim vou falar onde faço terapia: Caps Rudge Ramos. Não, eu não tenho psicose diária e nem esquizofrenia. Você pode ligar, fica em São bernardo do Campo.

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  24. as pessoas acham que eu fico no computador saudável o tempo todo, mas não, eu posto vários pensamentos desorganizados e de morte. Mas não penso em morte toda hora

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  25. quer dizer, eles mudaram a cor de todo mundo, mas porque não mudaram a cor do percy?

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  26. não, a amanda não me vê bem. ela sempre me vê isolada e deprimida no meu canto e eu sempre me isolo.

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  27. o alec disse que pareço uma criança indo para a adolescência, me senti abrindo porta para pedófilo.

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  28. o alec acha que tenho fetiche nele, mas eu mal consigo beijar um homem. eu me sinto mal se desejada sexualmente. não eu nunca quis ver ninguém pelado ou um amigo que eu gostasse assim.

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  29. enfim, vou estar aqui. sem amigas pessoalmente, e sozinha sem namorado pra sempre.

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  30. eu fiz um amigo homem, na verdade ele me bloqueou, mas eu voltei. eu disse que estava em crise e queria ele longe, aí eu voltei. estou surpresa que ele seja bonito.

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  31. eu queria sair com ele, mas ele queria um jantar ou um café, bom não tenho dinheiro. e quando disse jantar minha mãe pediu para falar com meu pai e é tudo burocrático demais e eu sou tímida.

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  32. eu queria muito falar pro meu pai que só passei a pensar em suicidio depois de conhecer o labirinto do fauno, que o alec pegou de minha indicação e eu fiquei chateada DEMAIS. é como ele roubar a minha alma.

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  34. eu não sei necessariamente se eu devo conhecer as pessoas da internet, todos do rpg como a ana estranharam eu pedir abraço em grupo

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  35. não vou fazer falta. só meu pai se importa comigo

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