Existe algo mais embaraçoso do que admitir que se assiste Smallville?
Por muito tempo achei que não. Crescendo à base de TV aberta e boataria na escola, meu senso crítico levou até a alta adolescência para se entender o que era ou não "aceitável", e foi muita a minha surpresa ao descobrir que a série que narra a vida do Super-Homem antes de ele virar o Super-Homem não estava no Top 10 de ninguém. Os motivos eram vários: excesso de drama adolescente, falta de elementos canônicos dos quadrinhos, elenco Capricho, fórmula repetitiva... Assim que comecei a conversar ativamente com pessoas interessadas nos mesmos assuntos que eu, tratei de fingir que sim, a icônica música de abertura da série era agoniante de ouvir e não, Tom Welling não merecia ser incluído no hall de atores que interpretaram o Último Filho de Krypton porque ele obviamente nunca tinha atuado como o personagem. Se por um lado me enturmei bem com quem era da opinião que Smallville era lixo, por outro o fingimento se tornou uma fonte de embaraço ainda maior do que admitir que gostava da série. É que, bem, Smallville em seus melhores momentos foi a melhor série de super-herói que já existiu.
Eu não percebi isso de imediato, visto que minha experiência com a série era a do tipo irregular, desconexa e difícil de acompanhar – a série passava no SBT em horários malucos, com muito pouco respeito pela sequência dos episódios, e minhas primeiras memórias dessa série são embaralhadas e confusas. O reconhecimento de meus erros veio depois, quando meu irmão mais novo que não crescera com a série na TV ficou curioso por ela e decidiu maratonar as dez (!!!) temporadas. Como é o caso com famílias que só tem um aparelho de televisão em casa, quando um membro decide fazer alguma coisa com ela significa que todos o fazem com ele; e logo ali estava eu, no sofá, mexendo no celular enquanto aventuras regadas a kriptonita passavam pelo que parecia ser uma sequência sem fim. Não demorou mais que uma temporada até que eu ficasse envolto nos mistérios, personagens e criatividade de Smallville, que a mim parecia uma versão teen de Arquivo X (cargo que Supernatural assumiu quatro anos depois). Quando se é moleque, dez temporadas passam num assopro, e esse foi o caso da série: minha segunda experiência com Smallvile foi um sonho febril e compacto de todas as temporadas que durou duas, talvez três semanas. Eu me lembro de ter chegado ao último episódio da série gostando dela, mas sem me lembrar de nada além disso. Daí minha motivação para reassistir As Aventuras do Superboy por uma terceira e mais cuidadosa vez. O que será que Arrogante, como adulto, acharia da série?
A palavra chave na frase "Smallville, em seus melhores momentos, foi a melhor série de super-herói" é "momentos". A contemporaneidade nos ensinou que televisão de alto nível é feita entre 10 e 13 episódios por temporada, sem espaço para fillers e priorizando concisão narrativa em vez de quantidade bruta, mas Smallville agraciou o mundo com sua primeira temporada em 2001 – quando televisão era feita primariamente para te convencer a assistir comerciais e uma temporada de série precisava durar nove meses. É impossível contar uma história da forma correta se o autor dela é forçado a inserir seis, oito capítulos em que nada de consequência acontece. Mesmo que a maioria dos episódios estilo "monstro da semana" da série seja composta por histórias boas, ainda que autocontidas, um fã de carteirinha como eu precisa adicionar um gigantesco "mas" depois de cada elogio feito a Smallvile.

Bom, talvez não todo elogio. As Aventuras do Superboy foi feito numa época diferente, sim, e isso não é só um sinônimo para más práticas de storytelling – as primeiras temporadas da série não foram feitas como um dramalhão adolescente sustentado por fãs de histórias em quadrinhos, mas sim como um seriado padrão que ocasionalmente envolvia elementos paranormais/sobrenaturais. O elenco da série, especialmente os atores mais velhos, é incrível e empresta a credibilidade de suas interpretações à trama mirabolante repleta de mutantes irradiados com pedras de meteorito. O mesmo pode ser dito da direção de arte e do design de produção, ambos focados em entregar uma experiência autêntica no Meio-Oeste americano, e até certo ponto da direção de fotografia. Os primeiros cinco anos de Smallville são televisão de alto nível independentemente da qualidade do roteiro simplesmente pelo quão cara a série parece ser e, mesmo que os cinco anos finais não compartilhem do mesmo pedigree, a qualidade visual e o cuidado generalizado com que essa série foi feita dá de dez a zero em muitas de suas contrapartes contemporâneas como Arrow, Supergirl, e The Flash.
Dito isso, a qualidade do roteiro raramente está a par do valor de produção de Smallville. Enquanto a terceira temporada da série poderia ser comparada com, e até superar em certos aspectos, a primeira de Daredevil da Netflix, os momentos mais baixos de As Aventuras do Superboy rivalizam com Os Mutantes: Caminhos do Coração, da Record. Sem entrar nas conjecturas particulares do porquê (esse texto já está enorme, e nem começamos a falar no assunto ainda), acredito que a visão forte e os objetivos claros da série se perderam em algum momento na criação da quarta temporada, e o que houve a partir daí foi uma sucessão de correções de curso e indecisão por parte dos produtores e roteiristas. Isso se reflete na irregularidade qualitativa da narrativa em Smallville, que a partir de sua quinta temporada teve arcos interessantes e cliffhangers empolgantes arruinados por uma estranha dedicação em largar a história principal para dar tempo de tela a Lana romances sem química, Lana subplots que não vão para lugar nenhum e Lana Lang destruiu essa série a constante sensação de que nada podia realmente mudar na dinâmica geral da série.
Meus pensamentos e considerações a respeito da nona e penúltima temporada de As Aventuras do Superboy refletem muito desse sentimento. Embora eu tenha terminado o último episódio dela com um grito empolgado, arrepios nas costas e uma sensação quente de ter assistido algo muito bom, a temporada como um todo oscilou entre o medíocre e o ruim devido à falta de coordenação do roteiro no que dizia respeito a foco. Vamos, então, começar a análise por partes:
Legado
A Nona Temporada, doravante referida como Nona ou NT, construiu a si mesma a partir do cliffhanger do season finale da Oitava: Zod, libertado de uma prisão muito diferente da Zona Fantasma com a ajuda de Tess Mercer, retornou à Terra. Outros detalhes importantes, como a morte de Jimmy Olsen e a deterioração generalizada das muitas amizades de Clark Kent, levam nosso herói a afastar-se "definitivamente" de seu lado humano e se dedicar em tempo integral à proteção da raça humana como o Herói Misterioso, um borrão em forma humana que marca seus atos com um símbolo para lá de familiar para os leitores de quadrinhos.
Muito pode ser dito a respeito do quão forte é a cisão entre o período sob controle dos showrunners originais (que foi até a Sétima Temporada) e a era final de Smallville, gerida por três duplas de showrunners em três anos, mas nada ilustra melhor o fato do que o uso dado pela nova direção da série ao orbe kryptoniano que foi usado para destruir a Fortaleza da Solidão e retirar os poderes de Clark – agora o orbe é uma prisão para kandorianos (i.e. kryptonianos de Kandor, uma das cidades-estado do planeta) sem poderes sob a luz do sol amarelo que por algum motivo contém os DNA de Zod, o mesmo Zod que foi vilão da Quinta Temporada, quando este ainda era um major. Seja pela criatividade da desculpa para repetir o personagem sob uma luz diferente ou pela falta dela em decidir focar mais uma temporada no grande militar de Krypton, o fato é que muito do que foi estabelecido até então pela série precisa ser esquecido para que o plot do Zod faça sentido. Conexões são feitas por obrigação, não por caso pensado, e a história parece reforçar constantemente que Smallville se tornou uma série diferente a partir de sua oitava temporada: mais quadrinesca, com mais fan-service, preocupada em se adequar à visão que pessoas que não veem a série têm de Clark Kent.
Ironicamente, a NT teve a audiência mais baixa de todas.
O legado deixado pela Oitava no que tange ao emocional dos personagens individuais é muito mais interessante. Clark agora usa um "uniforme" preto, e a mudança em seu visual como herói reflete muito de sua atitude clinicamente alienígena e sua relutância em ceder aos instintos humanos. A morte de Jimmy é utilizada pra desbandar a Liga da Justiça, retornando a dinâmica da série ao básico com a adição de Oliver Queen e seus problemas com álcool, e a sensação geral é a de perda de inocência (vamos falar nisso mais tarde). Do lado feminino do elenco, a mudança não é lá das melhores. Decidiu-se que a melhor expressão de luto da Chloe por seu marido morto na temporada anterior seria transformá-la numa chata de galochas que odeia se fazer entender e Lois, finalmente com o caminho até Clark desobstruído, tem seu arco prejudicado pelo modo como todos parecem ter se esquecido que Lana Lang foi o amor da vida do Clark por oito anos.
De modo geral, os primeiros episódios da Nona são dedicados a criar um ambiente que funciona dentro de uma bolha que não inclui muito do que a série construiu até então. Isso nos leva a...
Set-ups
No que talvez seja um reflexo da confiança que uma série de mais de nove anos de duração acaba criando em si mesma, o roteiro da Nona demora a se sentir obrigado a fazer alguma coisa interessante. Os primeiros episódios são metódicos em seu objetivo de estabelecer novos personagens, novas dinâmicas e a escala da nova grande ameaça ao mundo, ignorando qualquer outra possível consequência desejada da narrativa – incluindo divertir. É difícil me imaginar insistindo na série se eu já não estivesse decidido a assisti-la por completo nos primeiros oito episódios da NT: os que avançavam a história em alguma forma eram entediantes e marcados por interações estranhas entre o novo Zod e o resto do elenco, e os que eram focados num monstro da semana eram muito menos criativos e mais do que nunca traziam consigo a sensação de perda de tempo.
A parte mais difícil de criticar esse início é admitir o quanto do que foi introduzido nos primeiros episódios foi importante para o final da Nona, que foi muito bom. Todas as peças estavam sendo posicionadas, todos os aspectos do roteiro apontavam para a construção do final que foi entregue, de modo que a chatice inicial pode (e deve) ser perdoada – mas a pergunta que fica é se set-ups só podem ser feitos sem um pingo de entretenimento, esperando que fãs não fiquem de saco cheio com a série antes que eles se justifiquem. No que talvez tenha piorado a situação desses episódios, muitos deles foram dedicados à Lois Lane; com o que quero dizer que a história da série simplesmente parou para colocar a Lois no meio de uma aventura sem nenhuma consequência para a narrativa geral e para o relacionamento dela com o Clark. Por que não incluí-la na história principal?
Os Roteiristas Odeiam a Lois Lane
Cheguei à essa conclusão quando percebi o quão "isolada" a personagem parecia estar da trama principal da NT. A tentativa de dar a ela alguma importância mandando-a para o futuro pós-apocalíptico dominado pelos kryptonianos sob comando de Zod mostrou-se um esforço de má vontade quando Clark e Tess têm acesso às memórias dela e a fazem esquecer de tudo, retirando da personagem qualquer capacidade de tomar decisões informadas muito à maneira como adultos mandam crianças irem brincar entre si enquanto conversam sobre um assunto sério. Enquanto o grande cliffhanger de Lois é transferido para a Tess, a perseguição dos roteiristas contra o par romântico oficial do Super-Homem continua de outras formas sutis: o modo como muito poucos dos episódios com a Lois fazem parte da história principal, o fato de ela ter descoberto a identidade secreta do Herói Misterioso cinco vezes ao longo da temporada só para ser feita de boba por todos os personagens do elenco no que se parece muito com bullying e a crescente e aparentemente sem motivo antipatia que Chloe parece sentir por ela durante a Nona inteira. Embora seja fácil perceber o ódio por trás de tais decisões narrativas, demorei um pouco para me decidir a respeito do motivo dele.
Como sempre, Lana Lang é a principal culpada. Para mim é difícil de acreditar, mas o grosso dos telespectadores da série aprovava o relacionamento da maníaca dos segredos com o Clark – de modo que roteiristas receberam ameaças de morte quando Lois foi integrada no elenco recorrente da série lá pela quarta temporada. O único motivo pelo qual a personagem não permaneceu em Smallville até o fim foi o desejo da atriz que a interpretava de tomar parte em outros projetos; não é todo mundo que aguentaria interpretar um milhão de variações do grito "Clark!" ao longo de sete anos. Isso quer dizer que a decisão de trazer Lois para o centro da vida amorosa do menino Kent não veio de bom grado para os produtores, assim como a de remover Lex (cujo ator também pediu as contas) da série, e no caso dela as consequências eram ainda piores porque os fãs não a queriam lá.
Lembra quando falei que a Nona foi a temporada menos assistida de todas?
É um verdadeiro milagre que, apesar de tudo isso, Lois tenha sido uma das poucas brisas de ar fresco no início da NT. Erica Durance arrasa no papel, e o relacionamento de sua personagem com Clark foi retratado com mais maturidade e dinâmica nessa única temporada do que Lana Lang foi apresentada em sete. Uma pequena vitória, mas decisiva nesse ponto d'As Aventuras do Superboy. Em vez de retratar o vaivém adolescente cheio de términos e surtos causados por hormônios, o relacionamento de Lois e Clark é marcado pelas muitas ansiedades e complicações de se decidir passar o resto da vida com alguém que se ama. A questão de como o amor entre duas pessoas é o que dá a ambas um novo sentido na vida foi um dos muitos temas recorrentes da Nona.
(Mas Que) Temas (?)
Toda temporada de Smallvile tem um tema, como deveria ser com toda boa série. Um pathos, se você for metido como eu. Não falo de um plot geral unificando os acontecimentos de todos os episódios, mas sim de uma ideia geral do que a série está tentando dizer com esse plot. Para um exemplo claro do que quero dizer, veja a terceira temporada da anteriormente referida Daredevil.
O tema da Nona foi o 11 de Setembro.
Claro, mostrar Clark Kent fazendo torres gêmeas desabar é óbvio o bastante, mas entender o que essa cena quis dizer é muito mais complicado. Lembre que a série começou em 2001, bem no ano do atentado terrorista que derrubou o World Trade Center, e que muitas outras produções televisivas da época se deixaram afetar pelo clima político subsequente. 24 será para sempre o maior referencial disso na cultura popular, uma representação de como o desejo de vingança generalizado pelo espírito afrontado da América contaminou todo o conteúdo produzido por lá. A tendência não só para séries, como também para filmes (ver A Identidade Bourne) da época era enfatizar o mundo americano marcado pelos traumas do terrorismo, um mundo de paranoia constante em que confiança cega no governo e seus métodos sombrios pode tanto querer dizer salvação quanto condenação.
Enquanto Smallville ateve-se ao clima confortável de uma família no interior lidando com monstros e aberrações que pareciam praticamente inofensivos quando comparados com o terror militar das operações secretas, o resto do entretenimento americano entrou até o pescoço em conspirações militares e glorificação de agências de segurança internacionais. A Nona temporada foi, de muitas formas, uma tentativa tardia de engajar nesse que virou um gênero de entretenimento.
Sem tentar debater o mérito de se trazer temas tão complexos para uma série sobre super-heróis adolescentes, é verdadeiramente fascinante como cada pedaço da trama trabalha a favor do tema principal a ser explorado. Chloe e seu eterno mau-humor são transformados numa alegoria para o estado de vigilância absoluto em que se transformaram os EUA – uma entidade da qual dependemos, mas que toma diversas atitudes questionáveis no que tange à privacidade das pessoas que diz proteger. A paranoia é retratada como uma espécie de guerra fria entre o recém-introduzido Xeque-mate, uma organização paramilitar voltada para as questões meta-humanas de segurança nacional, e os kandorianos.

Os próprios alienígenas são tratados pelo roteiro como um grupo de imigrantes sofrendo pelos crimes de seu líder, com muitos deles rejeitando o idealismo de Zod em função de uma vida de paz com os seres humanos. As muitas camadas de falsidade e enganação em que todos os personagens da série operam ao longo da Nona ajuda a estabelecer a atmosfera intrincada, opressiva, do roteiro: qualquer deslize poderia levar a guerra total, e nenhum juramento de aliança é honrado. É uma temporada de mentirinhas brancas e inverdades cabeludas, de enganação e traição, sendo seu aspecto mais recorrente o roubo de identidade: criminosos e heróis bem-intencionados assumem a identidade do Herói Misterioso, nada é o que parece ser e os mocinhos da história são forçados a tomar decisões questionáveis em nome de ideais em que eles mesmos não são mais capazes de acreditar.
O próprio Xeque-mate foi uma positiva adição às dinâmicas de poder da série, assim como o instrumento perfeito para trabalhar os temas de conspiração governamental e agências de inteligência agindo sem a supervisão de representantes eleitos. Mesmo sendo familiar com o conceito nos quadrinhos, fiquei surpreso com o quão bem a inclusão da organização secreta se encaixou nos arcos da Tess, da Chloe e do próprio Clark com a revelação do que Martha Kent vem fazendo desde que foi eleita. Personagens conhecidos dos quadrinhos recebem o tratamento live-action com variados graus de precisão, mas tanto Amanda Waller quanto Maxwell Lord funcionam para lá de bem dentro dos momentos em que são inseridos na trama.
Interessante, não é? Um tema desses sendo trabalhando numa série onde a atmosfera conspiratória de operações secretas seria a última coisa a se esperar... Mesclada à ação e ao dinamismo de histórias clássicas de super-heróis... Parece incrível, não?
Bom, pra começar, esses temas só se tornam evidentes e ativamente discutidos no episódio 13. Sim, os set-ups do início da temporada são necessários para que a força do encerramento do episódio em questão atinja o espectador com força total, mas a verdade é que a Nona só mostra a que veio faltando oito dos 21 capítulos de sua duração. Desses oito, três são focados na Lois – o que quer dizer que a história diminui o ritmo neles. Mesmo que uma boa alma decidisse editar a temporada para torná-la mais concisa e cortar os subplots desnecessários, é praticamente impossível recomendar essa temporada para alguém que já não esteja investindo tempo na totalidade de Smallville. A própria apreciação desses temas só pode ser feita sob o prisma de fã, de alguém disposto a ignorar as falhas características da estrutura da série e enfocar o que ela tentou fazer diferente nessa temporada em questão.
Tudo Está Bem Quando Acaba Bem
Considerando que só um fã teria ido dormir montando um ranking dos finales da série depois de assistir o da Nona, não vou surpreender o leitor dizendo que não só fui capaz superar as tais falhas como retroativamente passei a apreciar o início da temporada. A NT acaba explosivamente, com uma das cenas mais maneiras do Clark em super velocidade e uma baita briga na chuva pra encerrar com uma (por que não?) alegoria religiosa. A resolução de vencer os kandorianos na base da conversa foi simples, do tipo que se espera de uma série que sangra dinheiro toda vez que o protagonista usa qualquer superpoder, mas definitivamente melhor do que as resoluções que Smallville teve desde sua quarta temporada. Que mais não seja, a única coisa da qual não me lembrarei com carinho da Nona foi toda a palhaçada envolvendo o episódio da Sociedade da Justiça.
Sim, o Xeque-mate foi introduzido nele, mas essa foi a única contribuição dele para a Nona – e, considerando que o episódio teve 80 minutos, isso é bem abaixo do esperado. A coisa toda soa como um pet project do Geoff Johns, algo imposto e não planejado, e evidências disso estão no fato de que NADA do plot dos kandorianos vai pra frente e Tom Welling permanece dignamente vestido como Clark Kent pelo episódio quase todo, servindo como grau de comparação para o ridículo das fantasias do Sr Destino, Gavião Negro e Sideral. Jesus, o que eles estavam pensando com esse episódio?

O saldo, entretanto, permanece positivo. Lois Lane passou por poucas e boas para se firmar como único interesse amoroso de Clark Kent, e o próprio Clark centralizou-se entre sua herança humana e kryptoniana no que seria a personalidade perfeita para um Super-Homem quase formado. Foi uma temporada de amadurecimento para todos os personagens, o que é ótimo para uma série que é carregada nas costas de seus protagonistas e coadjuvantes, e no fim dela até a antipatia de Chloe e a falta geral de sentido em volta de Tess foram substituídas por personagens que protagonizaram seus próprios arcos emocionais e os deixaram como pessoas melhores.
Parte de mim queria que essa fosse a temporada final de Smallville. Não porque já me cansei da série ou porque minhas lembranças da Décima não são tão boas quanto as demais, mas sim porque com algumas alterações no episódio final Clark estaria na posição perfeita para começar sua jornada como o maior super-herói da DC Comics. Está aí uma boa métrica para julgar As Aventuras do Superboy em seu ano final: ver se ela supera ou não a sensação de amadurecimento da NT.
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